sexta-feira, abril 23, 2010

Mi cumple

Pois é, e hoje completo os 24 outonos. É meio complicado falar desse momento. Poderia encher linhas e linhas falando das maravilhas que a vida me proporcionou até aqui ou das vezes que chorei ou fiquei realmente chateada por algumas coisas. Aquele balanço típico de Ano Novo ou Dia de Aniversário.

Contudo, usando o verso do meu amigo e confidente Jorgito estou na “edad aquella en que la certeza caduca”, ou seja, minha cabeça é cada vez mais povoada por um mutirão de dúvidas, pensamentos vãos e observações sobre tudo. E aí está a justificativa da música que me dediquei esse ano: “Esquadros”, de Adriana Calcanhotto (que, diga-se de passagem, é a minha canção favorita cantada por ela).

Ando observando, prestando atenção nas coisas do mundo, vivendo num ritmo acelerado e vendo tudo passar por meio de um remoto controle.

Entenderam?

Completamente, nem eu.

Falei que estava na idade em que a certeza caduca.

Que yo los cumpla muy feliz.

Esquadros

Eu ando pelo mundo prestando atenção

Em cores que eu não sei o nome

Cores de Almodóvar,

Cores de Frida Kahlo, cores.

Passeio pelo escuro,

Eu presto muita atenção no que meu irmão ouve

E como uma segunda pele, um calo, uma casca,

Uma cápsula protetora.

Ah, eu quero chegar antes

Pra sinalizar o estar de cada coisa,

Filtrar seus graus...

Eu ando pelo mundo divertindo gente,

Chorando ao telefone.

E vendo doer a fome nos meninos que têm fome.

Pela janela do quarto,

Pela janela do carro,

Pela tela, pela janela.

Quem é ela? Quem é ela?

Eu vejo tudo enquadrado

Remoto controle.

Eu ando pelo mundo

E os automóveis correm para quê?

As crianças correm para onde?

Transito entre dois lados, de um lado

Eu gosto de opostos.

Exponho o meu modo, me mostro

Eu canto para quem?

Eu ando pelo mundo

E meus amigos, cadê?

Minha alegria, meu cansaço.

Meu amor, cadê você?

Eu acordei

Não tem ninguém ao lado.

quarta-feira, abril 21, 2010

Dia da Latinidade

Hoje, 21 de abril, além de ser feriado em homenagem a Tiradentes, também se "comemora" no Brasil o Dia da Latinidade. Não é de se surpreender que muitos brasileiros não conheçam a referência à data, assim como não é nenhuma surpresa que a maioria dos brasileiros considere "latino" somente o falante de língua espanhola nascido no continente americano. É como se o "país continente" não fizesse parte da América Latina.
Talvez, se pensássemos um pouquinho diferente, não precisaríamos de um Dia brasileiro da Latinidade, desfrutaríamos Todos Juntos do imenso continente em que nascemos e compartilhamos. Mas enquanto isso não acontece, que a data sirva ao menos para a reflexão.
"Para qué vivir tan separados
Si la tierra nos quiere juntar.
Si este mundo es uno y para todos
TODOS JUNTOS vamos a vivir."

sexta-feira, abril 16, 2010

El destino de las explicaciones

En algún lugar debe haber un basural donde están amontonadas las explicaciones.
Una sola cosa inquieta en este justo panorama: lo que pueda ocurrir el día en que alguien consiga explicar también el basural.

Julio Cortázar

quinta-feira, abril 15, 2010

Não tenho interesse

OJO: Esse texto traz muitos gerúndios e repetição da expressão "Senhora Lidiane" (e eu ainda nem completei as 24 primaveras). Se quer 'aburrirte' um pouco, segue em frente.
*
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Alguém saberia me dizer de onde as empresas descobrem os nossos telefones para nos importunar com o telemarketing???
Hoje, na hora do almoço, recém chegada do trabalho, toca o telefone de casa e eu atendo:
- Alô.
- Alô. Senhora Lidiane?
- Sim.
- Que ótimo, senhora Lidiane! Estou ligando para lhe parabenizar pela aquisição do Cartão ItauCard. Com ele a senhora estará ganhando várias vantagens nas suas compras, Senhora Lidiane.
Logo pensei: "aquisição de cartão???"
E a mulher continuou despejando todo aquele discurso inflamado como se fosse a última coisa que faria no mundo:
- Em 20 dias, Senhora Lidiane, a senhora estará recebendo (quantas vezes será que vou receber?) o nosso cartão e já vai estar desfrutando das vantagens que lhe estamos oferecendo. Senhora Lidiane, a senhora mora em São Gabriel, não é mesmo?
- Sim.
- Muito bem. E a senhora gosta de cinema, senhora Lidiane?
- Sim. (Da maneira desenfreada que a fulana falava, não tive oportunidade de dizer outra coisa)
- Que ótimo! Pois com o cartão que estarei lhe enviando a senhora vai ter descontos em entradas de cinema, e desfrutar dessa atividade que a senhora tanto gosta. Qual sua profissão, senhora Lidiane?
- Professora.
- Parabéns! Tão nova e numa profissão tão bonita. E a senhora gosta de futebol?
- Sim. (Já está na época do Censo?)
- Futebol é maravilhoso. Pois para assistir jogos a senhora também terá descontos usando o ItauCard (mal sabe e ela que em São Gabriel, essa linda cidade, não há cinema nem campeonatos de futebol). E vai, exclusivamente, estar recebendo uma camiseta da Seleção Brasileira para torcer pelo nosso país na Copa do Mundo. Qual o tamanho de camiseta é de sua preferência, Senhora Lidiane?
Muy educadamente procurei explicar à moça que não estava interessada na oferta:
- Olha só, eu agradeço a proposta, mas não estou interessada.
- Mas a senhora se deu conta das vantagens do nosso cartão?
- Sim, mas não tenho interesse no momento.
- Mas por quê? O que lhe impede?
Putz, aí eu quis mandá-la longe. Já estava exausta de tanto gerúndio e tanta Senhora Lidiane em pleno meio-dia. Mas mantive a calma e disse apenas "Porque eu não quero", e, por sorte, ela desistiu.
Ufa.
***
Sinceramente, não é tããão difícil me convencer de alguma coisa, mas esses operadores de telemarketing me estressam. Sei que eles precisam vender, que é da profissão, que foram contratados para isso, mas é muito chata a conversa e a lábia deles. Seja quem for o responsável pelo treinamento dos operadores de vendas (sim, porque aquilo só pode ter vindo de uma cartilha), deve rever seus conceitos. A mim não vão convencer nunca. Da próxima vez, desligo o telefona no primeiro Senhora Lidiane.

terça-feira, abril 13, 2010

Sí tú no estás...

“Ignoré que la realidad se transforma

Aunque yo no esté ahí

Decidí salir y te olvidaste

Aún quedaba algo que te iba yo a decir”

Vários são os temas recorrentes as minhas inquietações já nada juvenis. Entre eles estão a distância e o tempo que às vezes ficam esquecidos, mas sempre estão presentes. Até certa idade, pensei que as pessoas que estavam a minha volta, fossem elas importantes ou não na minha vida, jamais mudariam. Assim como as suas vidas. Assim como era certo que eu faria parte da vida dos que importavam. E isso era uma verdade.

Dizem os psicólogos que uma das características da infância é o egocentrismo, ao que tenho que confessar que no meu caso essa característica perdurou por um bom tempo, além da niñez. Foi assim que deixei de falar algumas coisas, que não demonstrei outras, que fui perdendo algumas pessoas. Por não me dar conta de que o mundo não girava em torno do meu nariz, que cada um tem uma história diferente, e que se você quer conservar relacionamentos com quem quer que seja é bom se apressar e não perder tempo.

A essa altura, o Crocodilo Tic-Tac me fez perceber que mais importante do que pensar ou sentir algo por alguém é imprescindível demonstrar por palavras ou atos. Guardar coisas não é nada legal, de repente as pessoas se distanciam e você fica com um monte de palavras a serem ditas. E não digo que a vida não siga bem, até segue, mas sempre ficará esse discurso a ser proferido e que poderia ter feito a vida diferente.

E essa questão veio a inquietar-me novamente por conta da música “Si tú no estás”, presente no novo disco da Julieta Venegas (@julietav), sobre o qual eu já falei aqui no blog. A letra é simples e linda, como é de ‘costume Venegas’.

segunda-feira, abril 12, 2010

E não é que é possível?! (Sole no Brasil)

Boatos Orkutianos revelam que o Furacão de Arequito pode, muito em breve, soprar novamente pelo Rio Grande do Sul. Na maior comunidade do Orkut dedicada a um artista de folklore, corre a informação de que Sole seria a atração da 5ª edição da Festa Recuerdos, em Porto Alegre, capital do estado. A apresentação estaria marcada para o dia 28 de agosto, sábado, na Casa do Gaúcho, Parque Maurício Sirotsky Sobrinho (Parque Harmonia).
Eu procurei mais informações via internet e não achei muita coisa. Mas como havia a possibilidade, já divulgada anteriormente, de Soledad fazer shows no Brasil, logo de um período de descanso devido à chegada do seu primeiro rebento, e com essa notícia dos fanáticos do Orkut, creio que seja muito possível seu retorno às terras riograndenses. O que me obriga a alertá-los de que em caso de confirmação, preparem-se para uma enxurrada de posts dedicados a ela. Como se já não fossem suficientes os que normalmente rolam por aqui.
Vamos por más!

quinta-feira, abril 08, 2010

Especiais de Soledad

Entrou no ar essa semana mais um site dedicado ao trabalho da grande Soledad Pastorutti. Uma idealização do amigo uruguaio Bruno Cabrera, o http://www.lasolemusica.es.tl/ disponibiliza 27 gravações do Furacão de Arequito em participações especiais junto a artistas como Orlando Vera Cruz, Alejandro Lerner, Cuti y Roberto Carabajal, entre outros.
Vale a pena conferir.
Valeu pela generosidade, Bruno!!!
Já estão tocando aqui, a todo volume.

quarta-feira, abril 07, 2010

Frases/versos do dia

"Mejor pensar que nunca habrá partidas, sino vueltas de la vida que debemos aceptar nada más"
"Y en lo más sutil de los cuerpos sutiles, lejos de la noria de causas y efectos, se tiene el corazón que se trae por defecto. Así como Aquiles por su talón es Aquiles"

terça-feira, abril 06, 2010

Bicho raro

Devo ser uma pessoa muito ‘rara’, como dizem os argentinos. Seja pelos meus atos, ou por minhas convicções e interpretações do mundo, quase sempre sou contrária ao que a maioria pensa sobre determinado assunto. E, acreditem, eu faço um esforço tremendo para poder entender o lado do outro, principalmente para julgar as minhas percepções e/ou tornar a minha argumentação mais convincente.
Hoje, por casualidade, ouvi um programa de rádio de São Gabriel onde a locutora colocou em pauta a indisciplina escolar e a desvalorização e ‘desmoralização’ da figura do professor, citando o exemplo de uma diretora que teria sofrido agressões na escola onde trabalha. Achei interessante no início, afinal, a instituição escolar deve ser de interesse de toda comunidade. É pertinente que se debata a questão educacional, assim como é imprescindível olhar a questão sob uma ótica ampla, analisando os problemas existentes nas escolas não os separando dos problemas existentes na sociedade como um todo. Principalmente, quando a pauta é sobre indisciplina.
Basta ‘echar un vistazo’ aos órgãos de comunicação, ou fazer uma visitinha na escola mais próxima, e registros de indisciplina não serão difíceis de ser encontrados. Desde os mais simples, tarefas não feitas, ‘conversas paralelas’ (minhas professoras adoravam a expressão), até os mais graves como brigas e agressões físicas. O que me pergunto é se essa realidade tem sua culpa apenas na escola ou possui raízes mais profundas; se a solução se daria apenas com mudanças no âmbito escolar e se com isso conseguiríamos curar a sociedade doente em que vivemos.
Confesso que o que me incomodou na fala da locutora foi ao final ter citado a conversa que teve com um pai de uma aluna ingressante ao Colégio Tiradentes de SG. Para quem não sabe, o Tiradentes é de responsabilidade da Brigada Militar, ou seja, tem um regime diferente das outras escolas públicas. Nessa conversa o pai se dizia feliz por a filha ter recebido uma ‘punição’ por não ter ido de trança, petenado comum a todas as alunas, à aula.
Numa tentativa clara de associar o fato das rígidas regras da escola militar com a indisciplina presente nas demais escolas, a comunicadora citou simplestemente um “fica a história para ser pensada”. E aí eu gelei. Fica a história para ser pensada. Mas o que pensar? Duvido muito que a maioria tenha chegado a mesma conclusão que eu, de que mais uma vez e mais uma pessoa esteja instigando o pensamento de que a disciplina, o respeito e o cumprimento de regras deva ser ensinado na escola. Ao mesmo tempo me questionei sobre o papel do pai ou responsável na sociedade.
E, segundo o exemplo usado, o pai está somente para vibrar a cada ‘punição’ que o filho recebe, mas não para alertá-lo de que em todos os lugares há regras que devem ser seguidas. É mais ou menos, como dizer: “Que beleza! Temos uma escola que ensinará, mesmo que a força, disciplina aos nossos filhos. Temos uma preocupação a menos”.
Isso me assusta.
Mas, como já disse, duvido muito que alguém tenha interpretado como eu. Sou um bicho raro.

sexta-feira, abril 02, 2010

Dia dos bobos

Ontem foi 1º de abril e eu não contei nenhuma mentira. Ao menos nenhuma fora do padrão comum. Não que eu seja um ser mitômano, mas, assim como todos, já contei as minhas lorotas por aí.
O dia da mentira, ou dia dos tolos/bobos, surge na Europa quando a Igreja Católica decide trocar o calendário, que até então registrava o Ano Novo na semana de 25 de março a 1º de abril, início da primavera, para o dia 1º de janeiro, logo após o 25 de dezembro. Os camaradas "pagãos", por não concordarem com a medida, continuaram a celebrar o início do ano a fins de março, de forma a serem chamados de "TOLOS", caracterizando, assim, o 1º de abril como "Dia dos Tolos".
Em reverência a este dia, um programa de TV abriu um debate sobre as mentiras comuns a todos, até porque a célebre premissa de que "todos mentem" já foi dada como verdade. E, confesso que fiquei meio 'encucada' com o fato. Pois é, todos mentem, não é tão difícil de concordar. Aliás, é bem fácil, dado que em algum momento da vida, alguém tanto já caiu em uma mentira como já a proferiu.
Também gosto de lembrar da frase não sei de quem, que li não sei onde, que diz: "Os honestos só mentem por necessidade". E, considerando que "ser honesto" não deva ser um motivo de orgulho na caracterização de uma pessoa, mas sim uma verdade comum e absoluta, é mais fácil aceitar a mentira, como vítimas ou autores dela.
Fiquei pensando nas mentirinhas que já soltei por aí, e acho que as mais comuns, sinceramente falando, das quais não consigo escapar nem como vítima nem como autora, são do tipo: "eu estou bem", "ah, tudo bem, eu não me importo", "pode deixar que te ligo", "quem? fulano? eu nunca ouvi.", "eu nem queria mesmo", entre outras ao estilo "tenho problemas, mas deixa que eu resolvo sozinha". Penso que antes da honestidade e da mentira, meu problema maior é com o orgulho, que faz com que o 'tolo' da história sempre seja eu.
E quanto a vocês, quais suas mentiras mais rotineiras?

Bom Feriado

Queria publicar algo com mais fundamento mas, nos últimos tempos, inspiração é o que tem me faltado. Devo dizer que abril mal começou e meu tédio rotineiro, de trabalho-casa/ casa-trabalho, já anda a full. Além disso, tenho um quarto bagunçado, uma televisão que não está ajudando muito, uma cidade que não me oferece nada de interessante e uma bagatela de coisas por fazer que, sinceramente, não me apetecem "para nada".
Dessa forma, não vou procurar tema, nem música, nem textos alheios para publicar. Vou deixar apenas os meus mais sinceros votos de BOM FERIADO!!!
Aproveitem com responsabilidade.