terça-feira, dezembro 05, 2006

Nada será como antes

Composição: Milton Nascimento/Ronaldo Bastos
Eu já estou com o pé nessa estrada
Qualquer dia a gente se vê
Sei que nada será como antes amanhã
Que notícias me dão dos amigos?
Que notícias me dão de você?
Sei que nada será como está
Amanhã ou depois de amanhã
Resistindo na boca da noite um gosto de sol
Um domingo qualquer, qualquer hora
Ventania em qualquer direção
Sei que nada será como antes amanhã
Que notícias me dão dos amigos?
Que notícias me dão de você?
Sei que nada será como está
Amanhã ou depois de amanhã
Resistindo na boca da noite um gosto de sol

domingo, dezembro 03, 2006

Adolescência

Difícil descrever o que passa pela cabeça de alguém que, se supõe, tenha toda uma vida para estar, milhões de coisas para conquistar, outras tantas para perder, e ao final de tudo ter apenas histórias a contar. É extremamente complicado tomar decisões, fazer-se perceber, buscar horizontes. Porém, o mais difícil é acostumar-se as coisas como elas acontecem. É deprimente e revoltante aceitar e se adaptar a um mundo tão errado, injusto e que pouco tem a te oferecer. Mais triste é quando descobrimos que nossos heróis não são tão perfeitos e nem tão bonzinhos como pensávamos, ou quando descobrimos que não conhecemos nem um terço de quem nos rodeia, isso é descobrir que não se sabe nada sobre a vida. Se esquece de quando ela começa, mas o fim se torna mais próximo, pois já não existe mais fantasia, nem beleza, nem portas, nem porto. Por um momento até busca-se algum cais, mas esta segurança dependerá de outros portos que almejam também segurança e que você não pode dar. E, então, chegamos ao grande equívoco do ser humano: cobrar de outrem o que não se é capaz de dar a si mesmo. Depois de tudo, o que resta é só cansaço. O cansaço que toma todas as forças, que te impede de pensar e te faz esquecer de todo o indispensável que te rodeia. A vontade de sair gritando aos ventos que você existe e que também fica agressivo, fraco, inconveniente, sufocado, encomodado, atordoado, e todas essas formas de infelicidade. Não a infelicidade eterna, mas a momentânea que te faz sentir um inútil, ridículo incapaz de sair do seu próprio clausuro e que te mostra o quão dependente és. Não me coube saber se isso é apenas cansaço, ou acúmulo de coisas entaladas na garganta à espera de um pequeno estímulo para explodir. Mas, já sei o remédio, uma boa noite de sono e tudo tomará o seu lugar, mesmo não sendo o lugar que me agradaria guardar todo esse ‘feeling’. Hoje foi apenas mais um dia, ou menos um e esta é a grande ambigüidade dos tempos, perde-se muito com tristezas inúteis e ganha-se pouco com a conformidade. Enfim, não sei o que isso pode modificar este momento, mas é, de certa maneira, uma forma de liberdade, em que espero ao menos encontrar uma brecha por onde o ar passe.