"Milonga da Miragem" é o título da matéria, assinada por Daniel Félix, que trouxe o Segundo Caderno da ZH de ontem, 25/03/2009, divulgando o novo trabalho do Vitor Ramil intitulado "délibab". O álbum dedicado a milongas, que foi gravado em Buenos Aires, é composto por 12 canções, sendo 6 inspiradas em poemas do grande autor (o qual eu compreendo um pouco melhor hoje) Jorge Luis Borges, e outras 6 a partir de poemas do poeta gaúcho João da Cunha Vargas. O CD é metade espanhol, metade português e traz Vitor Ramil de volta ao que o próprio denomina como "Estética do frio".
A matéria traz ainda uma entrevista com o cantor que vale muito a pena ler. Quando interrogado sobre o distanciamento da música feita no RS em relação ao resto do país, Vitor ressalta que "demoramos demais para relaxar ao nos debruçarmos sobre as coisas da tradição - e ainda hoje é polêmico buscar algo mais moderno a partir daquilo que é tradicional. Quando lancei "Ramilonga", ouvi manifestações agressivas de que eu não tinha o direito de fazer aquilo com algo da nossa cultura etc. Em compensação, na Bahia ouvi manifestações do tipo 'agora sim entendo a sensibilidade dos gaúchos'. Acho que essa compreensão havia se dado porque eu não estava cantando de forma caricata, com a voz empostada; eu cantava de maneira normal, tratando um gênero tradicional como se ele fosse qualquer outro. (...) O que precisa é que haja uma roupagem universal (da música), que seja mais familiar e contemporânea a quem está ouvindo".
Infelizmente, a entrevista só está na versão impressa da ZH, mas quem quiser conferir um pouco da matéria clique aqui.
"Manuel Flores va a morir,
eso es moneda corriente;
morir es una costumbre
que sabe tener la gente.
Y sin embargo me duele
decirle adiós a la vida,
esa cosa tan de siempre,
tan dulce y tan conocida."
(Milonga de Manuel Flores - J.L.Borges; V.Ramil)
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