quarta-feira, dezembro 01, 2010

Como água para chocolate

(O fogo de um olhar "é capaz de sobrepujar o próprio sol")
Ao terminar de ler o "Não há silêncio que não termine", senti falta de algo que me fizesse rir. Aproveitando a citação de "Como água para chocolate", no relato de Betancourt, o busquei na estante e, sem demora, comecei a reler a novela de Laura Esquivel.
A primeira vez que o li já faz um bom tempo. Acho que foi por volta de 2003, quando herdei alguns livros que a minha comadre não queria mais. O filme só vi depois, em 2007. É bem difícil que eu releia algum livro. Mas, enfim, veio a vontade e o fiz. Na verdade só me falta o capítulo "Dezembro", que terminarei daqui a pouco quando estiver voltando para casa, ironicamente, no primeiro dia do mês.
Me diverti muito. Me pego rindo sozinha, chorando todas as lágrimas existentes dentro de uma cebola, imaginando as receitas, e a interferência que a comida faz na vida das pessoas.
A quem já leu, vale a pergunta: alguém já tentou pôr em prática as receitas de Tita e Nacha???
"(...) todos nós temos em nosso interior os elementos necessários para produzir fósforo. (...) ainda que nasçamos com uma caixa de fósforos em nosso interior, não podemos acendê-los sozinhos porque necessitamos de oxigênio e da ajuda de uma vela. Só que neste caso o oxigênio tem que provir, por exemplo, do alento da pessoa amada. A vela pode ser qualquer tipo de alimento, música, carícia, palavra ou som que faça disparar o detonador e assim acender um dos fósforos. Por um momento nos sentimos deslumbrados por uma intensa emoção. Se produzirá em nosso interior um agradável calor que irá desaparecendo pouco a pouco conforme passe o tempo, até que venha uma nova explosão a reavivá-lo. Cada pessoa tem que descobrir quais são os seus detonadores para poder viver, pois a combustão que se produz ao acender-se um deles é o que nutre de energia a alma. Em outras palavras essa combustão é o alimento. Se uma pessoa não descobre a tempo quais são seus próprios detonadores, a caixa de fósforos se umedece e já não podemos acender um só fósforo. Se isso chegar a acontecer, a alma foge do nosso corpo, caminha errante pelas trevas mais profundas tentando em vão encontrar alimento por si mesma, ignorando que só o corpo que deixou inerme, cheio de frio, é o único que podia lhe dar isso. (...)"

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