sexta-feira, julho 24, 2009

Primavera num espelho partido (Primavera en una esquina rota)

Há alguns anos atrás, em uma oficina de “Lectura y Escritura”, na URI em Erechim, conheci dois textos do autor Mario Benedetti: “Beatriz – Los aeropuertos” (já publicado aqui) e “Triángulo Isósceles”. De cara, Beatriz me ganhou. Apesar de desconhecer totalmente o contexto em que estava a redação de Beatriz, a voz infantil, a sutileza, as percepções e confusões de uma menina de, no máximo, dez anos, que esperava por seu pai, preso político, no aeroporto de Ezeiza, me chamaram a atenção.

Desde então, procurei outras coisas de Benedetti. Comecei por alguns textos avulsos, até ler três livros seguidos do autor: “A trégua”, “Gracias por el fuego” e “Correio do tempo”. Adorei, tomei fôlego, e pouco tempo depois li “Quem de nós”. Não resisti e comprei mais dois “Borra de café” (ainda não lido) e, o que mais gostei, “Primavera num espelho partido”.

Com um título instigante, o livro me chamava atenção, principalmente, porque poderia entender o mundo de Beatriz. E conheci então o mundo de Don Rafael, Graciela, Rolando e Santiago. Vozes que se misturam à de Beatriz e à do próprio autor, quando relata momentos em que viveu exilado, com a finalidade de mostrar os dramas, o tédio, o silêncio, as dores de quem é obrigado a viver longe dos seus.

Além, de Beatriz, as vozes de Don Rafael e Santiago me tocam bastante. Principalmente a de Santiago, através da qual pude entender o título do livro e me solidarizar com o sentimento do personagem, por acreditar que não exista um espelho inteiro, embora exista uma linda primavera a ser vista e vivida.

Enfim, poderia citar algumas passagens, mas as deixo por conta da curiosidade dos que queiram ler o livro. A mim, emocionou e acrescentou muito.

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