quarta-feira, agosto 09, 2006

Fácil é falar, difícil é ser

Outro dia, não pude deixar de ouvir uma conversa entre duas senhoras que estavam no banco de trás do ônibus que me levava para casa. Na verdade, o assunto não era tão surpreendente mas interessante. Discutiam elas sobre a atitude de uma professora que retirou da sala de aula um aluno, por sinal, filho de uma das narradoras. Em um belo dia a mãe chega para buscar seu filho na escola e depara-se com a criança sentada num canto separada dos colegas. Foi a suficiente para despertar a ira desenfreada daquela mãe que passou a fazer a "propaganda" negativa da docente à senhora com quem conversava. "_ Ela não tem paciência. E, se não tem paciência, não pode ser professora", dizia a mãe profundamente chocada com a atitude da professora. Fatos como esse nos remetem a refletir sobre uma das causas pelas quais a educação brasileira se mostra como uma instituição falida e com poucas esperanças em relação ao futuro. Que poderes tem, hoje, o professor perante seus alunos? Que liberdade tem o docente no simples ato de exercer a sua profissão? É fácil criticar e julgar atitudes de professores, mas basta olhar com um pouco mais de atenção para a realidade do nosso país, e vamos entender porque certos atos, que a primeira vista parecem extremos, se fazem necessários. A grande maioria das crianças que ingressam nas escolas chegam com algum distúrbio de comportamento, resultante ou de uma superproteção ou de um descaso por parte dos pais. Ou seja, os problemas da educação brasileira começam na família, que por sua vez, é outra camada da sociedade com vários problemas advindos de uma política social com pouco espaço para um meio termo. Ou você se adapta ao ritmo frenético da rotina citadina, onde é preciso vencer, ou você renega qualquer tipo de contato com toda essa "correria" imposta por um mundo extremamente competitivo. Essas vertentes irão influir diretamente na formação da criança, desenvolvendo nesta ou uma autonomia precipitada, ou uma inércia preocupante. O professor, por sua vez, convive com esses aspectos diariamente, tendo de conciliar e medir seus atos perante tanta diversidade, sendo muitas vezes incompreendido, humilhado e violado do direito mais precioso do ser humano: o respeito. Temos, hoje, nos bancos escolares alunos apáticos, robóticos e também violentos a ponto de xingar, bater, amedrontar o professor que não possui muitas alternativas. Muitos mestres aceitam calados, alguns perdem o controle e revidam, e outros tentam solucionar o problema com diplomacia, mas esbarram na resistência dos pais que estão sem tempo para cuidar da educação dos filhos, ou que superprotegem a ponto de subjugar a atitude de um professor. Voltando ao caso inicial, não me foi esclarecido o motivo pelo qual o aluno estava isolado de seus colegas, mas acredito que houve alguma situação desagradável que justificou a atitude da professora. Fácil é julgar um professor, difícil é sê-lo.

Um comentário:

Unknown disse...

Eu que o diga... é mto difícil ser...
Não é nada fácil lidar com uma turma de 15 ou 20 alunos ao mesmo tempo... cada um com a sua diferença...
Para os pais parece uma tarefa fácil, lidam somente com uma peça de toda uma turma, seu filho. Sendo que e na maioria das vezes não dão conta de ensinar "o que se deve aprender em casa" e acham que o professor tem a obrigação de ensinar "os bons modos" para seus filhos... imagina uma turma de alunos, tendo pais com este pensamento...
Vida de professor não é fácil...
Onde está o problema mesmo?????!!!!